terça-feira, 30 de junho de 2009

Fernando Lopes


E um realizador nacional que tal? Fernando Lopes, cabe-lhe a si as honras do 1º português a ser destacado aqui no realizadoresdecinema.blogspot.com



Belarmino (1964) - O retrato de um antigo lutador de boxe, Belarmino Fragoso, através das suas deambulações por uma Lisboa que já não existe. A solidão, o medo e a derrota cruzam-se num filme que baralha o documentário, a ficção e a entrevista num passeio por antigas salas de cinema e clubes nocturnos.
Primeira longa-metragem de Fernando Lopes, com o apuro jazzístico de Manuel Jorge Veloso e a brilhante fotografia de Augusto Cabrita, este é um dos filmes-chave do Cinema Novo português.

Uma Abelha na Chuva (1972) - é a leitura cinematográfica de Fernando Lopes do romance homónimo de Carlos de Oliveira, num filme que encena de forma admirável um Portugal rural desencantado, sombrio e enclausurado, no final da década de 60, e que um crime brutal vem abalar. As paisagens sonoras abstractas, a impressionante fotografia e as inesquecíveis interpretações de Laura Soveral e João Guedes juntam-se numa obra de excelência do cinema português.



1984 foi ano de Crónica dos Bons Malandros.
Baseada no romance homónimo de Mário Zambujal, esta excelente comédia portuguesa conta com um elenco de luxo, do qual fazem parte, entre outros, Nicolau Breyner, Lia Gama, João Perry e Maria do Céu Guerra.
A história anda à volta de um grupo de amigos que se dedica a pequenos assaltos, até que é subornado por um misterioso italiano que os desafia a roubar obras de arte num museu de Lisboa. Entre os preparativos para o grande golpe, vamos conhecendo os membros do grupo e os caminhos que os levaram à marginalidade, até que chega o dia do tão esperado assalto. Mas as coisas não correm como estava previsto...

Directo para tv, em 1998, foi Lissabon Wuppertal Lisboa. Com Depoimientos Originais de MARIA JOÃO SEIXAS e AUGUSTO M. SEABRA.
Lisboa, cidade aberta, luminosa e quente, recebe Pina Bausch e a sua Companhia, o Tanztheater Wuppertal.
Vêm para uma residência de três semanas, respondendo ao convite do Festival dos 100 Dias: a criação de Ein Neues St?ck von Pina Bausch.
Chegam de olhos e ouvidos bem abertos, de veias bem temperadas, atentíssimos aos sinais, às cintilações, aos sons, aos perfumes e às emoções que a cidade lhes for sugerindo.
Depois, com as evocações especiais das suas próprias vidas, agora entretecidas pela aragem de Lisboa, acontecerá a tal hora muito rara em que tudo isto e tudo o resto, pela batuta misteriosa do génio de Pina Bausch, ganhará um corpo próprio, uma nova alma.
Essa terá por nome: “uma nova peça de Pina Bausch”. Ou outra coisa ainda. E Essa é que será linda: MASURCA FOGO. Fernando Lopes
“Se calhar é mesmo o seu filme mais belo desde Uma Abelha na Chuva. Pelo menos foi o que mais me tocou, talvez porque ele tenha sido tocado pela graça de Pina Bausch. E como Masurca Fogo é uma obra esfusiante e eufórica, assim o filme nos deixa felizes, ao poder, pela sua visão, compartilhar da experiência transfiguradora de um arte sublime.”
Augusto M. Seabra, Público

2002 foi ano d' O Delfim. Talvez o filme mais conceituado, mais conhecido, até por se basear no romance com o mesmo nome, de José Cardoso Pires.



Lá Fora (2004) - Laura Albuquerque é uma conhecida jornalista de televisão que se mudou recentemente para um condomínio de luxo. José Maria Cristiano é um corretor da bolsa que aí vive e que observa obsessivamente a sua nova vizinha através das câmaras de vigilância do prédio. José Maria e Laura são, sobretudo, dois seres irremediavelmente sós que, ao mesmo tempo, desejam e receiam amar e ser amados. Um dia, a jornalista convida o corretor para o seu programa de televisão e depressa se percebe a atracção que sentem um pelo outro. Será que o amor ainda é possível?

98 Octanas (2006) - Frase: VAMOS PARA ONDE? - LONGE.
E ONDE É QUE ISSO FICA? - PERTO.
Road Movie enérgico e inteligente, tem ainda o mérito de revelar uma jovem actriz, Carla Chambel, de sensualidade explosiva.
-Ariel Schweitzer, Cahiers du Cinéma
O rosto de Carla Chambel possui uma força impressionante, que parece romper a própria tela.
-Eduardo Prado Coelho, Público
Sinopse: Ele e ela não se conhecem. Algures, numa área de serviço da auto-estrada Lisboa - Porto, ele pára para descansar. Ela também lá está e parece tão à deriva quanto ele: é um encontro fortuito que talvez não tenha nada de fortuito. Quase sem palavras, partem os dois no carro dele. Sucedem-se as áreas de serviço, os motéis, as conversas e os silêncios, as revelações e os mistérios. Ele e ela desenham o mapa de uma aventura interior cujo destino ambos desconhecem. Em todo o caso, ela espera que ele a conduza a um lugar primordial, quase mítico: a casa da avó. Na sua solidão, cada um deles pode, pura e simplesmente, perder-se... ou, talvez, encontrar o outro.

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O seguinte texto é de Fernando Lopes, Provavelmente - data do ano passado, e foi realizado por João Lopes:
"Sou um realizador improvável porque, como diria o O'Neill, estou onde não devia estar. Nada na minha vida indicava que eu podia vir a ser um realizador de cinema. Vim de uma aldeia, em fuga, passando por aventuras várias, em Lisboa e fora de Lisboa. No fundo, o que estava previsto era que eu fosse um camponês da Várzea, alguém que trabalhasse a terra… e depois acabei a trabalhar imagens e sons."

// FANTASPORTO 2008 //

Viajamos com Fernando Lopes até às suas origens: por um lado, a terra, a Várzea da infância; por outro lado, o cinema, as convulsões do Cinema Novo português e o desejo utópico de transformar o mundo.
Não é um movimento nostálgico, mas uma exigência de verdade. A mesma exigência que o levou a filmar a vida crua e romanesca de Belarmino Fragoso, na Lisboa dos anos 60, a encarar os fantasmas do mundo rural recolhidos em "Uma Abelha na Chuva" de Carlos de Oliveira, ou ainda a retratar a solidão avassaladora dos novos condomínios fechados, em "Lá Fora".
Na nossa viagem, desaparecem as fronteiras entre o cinema e a vida.

2 comentários:

  1. Não vi nenhum filme deste realizador português. Isto deve significar alguma coisa...

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  2. Filipe, com isso queres dizer que é fraco o realizador?
    Olha que o nosso cinema realmente está muito longínquo do que se faz lá fora, mas temos de apoiar e tentar gostar, tem alguma qualidade.

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